9 de dez. de 2011

No Caminhar


No caminhar de nossa vida[1] somos questionados sob nossos passos. Questionamentos que ora nos vem pela imposição social, outrora por aqueles que nos cercam[2]

O que pensar sobre isso? Será que todos viemos a Terra para caminhar nas mesmas estradas? Muitos, por não entenderem que a resposta para  o segundo questionamento é não, criam mecanismos interligados a cultura[3] para questionar as formas de viver diferenciadas.

Sabemos que a família ao se formar na Terra, assim se consolida para auto-auxílio entre espíritos endividados em sua jornada. Por vezes, esta união carnal sob o mesmo teto pode servir também para que um espírito ajude os demais, ou seja ajudado.

Benfeitores espirituais nos explicam por sua vez, que nem todos vêm ao Orbe para construir tal matriz. Em resposta dada pelo Espírito Camilo[4] a respeito daqueles que no seu caminhar não sentem a necessidade de união carnal, ou que não tenham por ventura recebido espíritos para o reajuste[5] temos a seguinte explicação:

“...Nem todos os indivíduos reencarnados no mundo vêm com compromissos estabelecidos para o matrimônio. Incontáveis criaturas chegam ao planeta para, na época prevista experimentar a solidão, em nome da lei de causa e efeito, que estabelece a pauta das provas e das expiações das pessoas... Muitos que reencarnam comprometidos com profundos descobrimentos e investimentos científicos, com atividades abnegadas na esfera religiosa, ou deveres outros a exigir dedicação quase exclusiva em prol da causa social ou sócio-moral do mundo, já sabem, no seu mundo íntimo – percebem-no por intuição – que o matrimônio ou um relacionamento estável com alguém não costa de sua “agenda” reencarnatória.” (grifo nosso).

Embora a colocação acima analisada tenha como referencia reencarnes em missão[6], encontramos também situações em que a criatura não se encontra em fase de relacionamentos outros em virtude de abusos cometidos em existências pretéritas, que de acordo com a Lei de ação e reação, apresentam-se no Mundo para burilar estas forças desequilibradas por meio de sentimentos como a solidão reflexiva, ou outros infortúnios necessários para o “... equilíbrio e harmonia, o que, com certeza, não ocorreu em vivências transatas[7].

Do berço ao túmulo caminhamos[8]. Cada espírito em sua fase de burilamento, buscando sanar as vicissitudes criadas por ele próprio. A encarnação atual é sempre a que nos da o tempo necessário para as reformas, muitas delas vem da ação, tantas outras, da paciência[9] e reflexão.

Que entendamos o processo de cada um. Pois não sabemos os comprometimentos ou as bem aventuranças daqueles que caminham no Planeta escola ao nosso lado.

Jivago Dias Amboni


[1] Atual reencarnação.
[2] Amigos, companheiros de trabalho, familiares e etc.
[3] Aqui entendendo-se como paradigma do meio no qual a pessoa esta inserida.
[4] Mensagem mediúnica recebida por Raul Teixeira pelo espírito de Camilo (benfeitor espiritual).
[5] Filhos sanguineous ou não.
[6] Espíritos mais experimentados que já reencarnam com um foco construtivo.
[7]Camilo no livro Desafios da Vida Familiar.
[8] Período de uma encarnação. Não contando as demais.
[9] A Doutrina Espírita nos ensina que o tempo é usufruto concedido para que possamos aproveitar para nossa evolução.

29 de nov. de 2011

Dependência Mental


Quantas vezes, apesar dos conhecimentos que adquirimos, nos vemos voltados aos nossos “vícios” mentais? Verdadeiras forças obscuras que apesar de nosso aprofundamento nos valores do espírito não conseguimos nos desfazer tão facilmente.

O Espiritismo nos coloca que tudo esta ligado por sintonias. Vibrações mentais oriundas de nossas construções atuais, mas também de situações vividas e cristalizadas em nossas mentes no pretérito.

Em virtude de nossas pré-existências, construímos muitas ações em nossa jornada evolutiva, umas voltadas para propósitos edificantes, e outras não.

Nos colocamos em muitos casos de frente com estes sentimentos, presentes em virtude de sua cristalização no corpo semi-material.

Nascemos na Terra com forças desequilibradas para o reajuste, nos diz Emmanuel. Já em Gotas de Otimismo e Paz, aprendemos que; “Influenciamos e somos influenciados pelos que estão na mesma faixa vibratória e comungam os mesmos ideias[1].

Estamos todos conectados pelas nossas vibrações e por aquilo que construímos, encarnados com encarnados e encarnados com desencarnados. Tudo esta em tudo.

Precisamos orar e vigiar nossas ações, palavras e pensamentos. Quando nos sentirmos perturbados e cometendo ações que não são naturais ao nosso Ser, devemos parar o observar, entrar em meditação, voltar nossos pensamentos aos mentores de luz e procurar superar o Eu do passado.

 
“É importante vigiar nosso íntimo, nossos pensamentos, porque são indicadores de nossas intenções, formando ideais que constroem ou destroem, ajudam ou prejudicam os objetivos de nossa existência[2]...”

Assim somos todos nós, criaturas imperfeitas, procurando no aperfeiçoamento de nossas jornadas[3], a libertação mental.


Jivago Dias Amboni


[1] Artigo redigido por Lucy Dias Ramos. Publicado pela FEB.
[2] Idem, p. 41.
[3] Cumprimento da Lei Cósmica de Ação e Reação.

15 de nov. de 2011

Vigiando e Orando


“Vigiai e orai para que não entreis em tentação[1]...”

Esta frase foi dita por Jesus, mas o que iremos analisar em primeiro momento é a palavra tentação[2], procurando entender este termo utilizado na época do Cristo, e analisá-lo dentro da fé raciocinada, propiciada pela Terceira Revelação, para após, vislumbrarmos a necessidade e a importância da vigília e da oração em nossas vidas.

Com o título – Vigiemos e Oremos[3] – o benfeitor espiritual nos esclarece que as tentações nada mais são do que o mau uso feito por nós mesmos do nosso livre-arbítrio.

São em suma sentimentos que decorrem do fundo sombrio de nossas almas, criações de nossas individualidades em vidas pretéritas.

Em virtude de nossa pré-existência ante o corpo somático, temos nesse fundo sombrio mencionado por Emmanuel nossas forças desequilibradas reveladas, que por sua vez alimentam-se do âmago de nossos sentimentos negativos.

Nos seguem estes sentimentos como construções que ainda não aprendemos a deixar de lado. São na atualidade nossas provas, nossas expiações, que necessitam de reajustes para que possamos evoluir.

Ainda muito infantis no processo de evolução espiritual, não só mantemos nossas inferioridades do passado, mas nos permitimos criar novos sentimentos nas paixões da carne.

Entendendo este processo, o Cristo nos deixou uma profilaxia, ensinando-nos a vigiar nossas ações diárias e orar. Diz-nos o Evangelho Espírita que a oração serve como uma corrente fluídica aos planos espirituais superiores, aliviando-nos quando precisamos e dentro daquilo que merecemos.
O reencarne na Terra serve justamente para este fim. Como Mundo Escola[4], a Terra nos da em usufruto o seu tempo para aqueles que ainda possuem as tentações muito fortes em seu presente.

Terra! Plano de provas e expiações[5], tentações nossas, criadas em nós e por nós. Neste ínterim, é importante salientar que o tempo em que nos encontramos no Planeta serve para desconstruirmos nossas sugestões de inferioridade em benefício as criações evolutivas.

É hora da humildade, do conhecimento espiritual, do exercício de bom ânimo, da paciência e muitos outros valores do espírito.

Vigiando e orando deixaremos o pretérito no seu tempo, construindo vidas vindouras mais leves, sem tantas “tentações”.


Jivago Dias Amboni


[1] Mateus 26:41 – Tradução diretamente do Grego, (grifo nosso).
[2] Decorrente de nossas inferioridades passadas e atuais. O nosso não aperfeiçoamento moral na atual existência pode nos fazer desencarnar com estes sentimentos.
[3] Obra mediúnica Fonte Viva, psicografia de Chico Xavier, lição 110.
[4] Termo utilizado pelo benfeitor espiritual Camilo (Raul Teixeira).
[5] Local onde espíritos regressam para reajustarem as mazelas cometidas em vidas passadas cometidas para consigo mesmo, ou com seus contemporâneos.

5 de nov. de 2011

Um Breve Comentário em Torno da Obsessão


Do latim obsessione, estudado de forma profunda pelo Espiritismo. Em sua origem etimológica quer dizer perseguição, impertinência, idéia fixa[1], que por sua vez é explicado do ponto de vista espiritual[2] e também nos modernos dicionários como sendo a dominação de um espírito de forma doentia sob alguém. Podendo ocorrer de desencarnado para encarnado, encarnado para desencarnado, desencarnado para desencarnado e encarnado para encarnado.

No Livro dos Espíritos, Kardec ao questionar a espiritualidade na questão 459 sobre a influência espiritual em nossas vidas, recebe como resposta que Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.

Enquanto almas, embora com nosso livre arbítrio, ficamos restritos ao que poderíamos chamar de “relativo determinismo”, onde enclausurados no vaso somático limitamo-nos em nossos cinco sentidos percebidos pela carne.

Em obra mediúnica André Luiz[3] se refere a tais sentidos, nos informando que eles são responsáveis por apenas um oitavo daquilo que sentimos, ou seja, a nossa realidade material não é cem por cento realidade, confirmando os dizeres de Platão[4] séculos atrás, deixando claro que estamos imersos num jardim de ilusões.

O que dizer então das realidades que fogem aos nossos sentidos materiais? Se delas temos apenas o conhecimento obtido por revelações mediúnicas.

A verdade é que a Terra, como Mundo escola esta aberta para todos os tipos de influência espiritual, energias[5] que vibram em frequências diferentes, no qual vamos absorvendo de acordo com a frequência que  permitimos acessar.

Quando a espiritualidade responde a Kardec sobre sua influência em nós, não afirmou que esta seria somente dos luzeiros já em adiantamento e evolução, mas apenas, influência. Contudo, cabe salientar que na medida em que vamos construindo nossos modelos mentais em nossa jornada atual, vamos permitindo também que irmãos nossos, que desencarnaram ainda envoltos em ódio, ambição, desejo de vingança e outros sentimentos, nos acompanhem em virtude de estarmos criando mentalmente conexões semelhantes.

A obsessão nos diz o Evangelho Espírita “É a ação persistente que um Espírito “mau” exerce sobre um indivíduo”, e apresenta características muito diversas, podendo aprofundar-se à medida que a criatura vai permitindo que tal sintonia tome conta de si próprio.

Neste ponto cabe salientar que os chamados “demônios” que aparecem nos textos antigos – e não só evangélicos – assim o aparecem mas como uma idéia de oposição. Com o passar da história, esta idéia foi distorcida, donde criou-se a figura mitológica de um ser maligno. Muitas destas criações aprecem em nome da manutenção do status quo[6] vigente. O que realmente existe são irmãos nossos, que após deixar o corpo físico, procuram vingar-se de algo ou continuar nos erros de uma existência inteira. Porém - cabe salientar mais uma vez - são nossos irmãos, que depois de devido esclarecimento procuram o bem, assim como todas as criaturas, desencarnadas ou não.

O Espiritismo, buscando o Cristianismo em sua essência primitiva nos trás estes relatos e nos mostra que a profilaxia para tal doença da alma  existe em nós, está em nossa própria postura frente a vida.

A filosofia do Cristo veio nos ensinar que nós mesmos somos os construtores de nossas felicidades atuais e futuras. Ensina-nos por sua vez que cuidando de nossa moral e da transformação de nossos pensamentos, abriremos campo para a influência espiritual de luz, onde nossos mentores, e demais trabalhadores das plêiades espirituais do bem poderão nos acompanhar e até mesmo nos instruir, ajudando-nos por meio de uma mediunidade intuitiva e nos auxiliando na procura de ações construtivas.

O aumento de obsessões[7] tem se tornado uma constate na atual conjuntura planetária. Estamos cada vez mais individualistas, materialistas, incrédulos, e por sua vez obsedados. Nossa inversão de valores esta abrindo situações reais para nossos obsessores, situações estas criadas por nós mesmos em conflitos passados[8], ou em virtude dos conflitos presentes.

Necessitamos urgentemente de uma mudança de postura, necessitamos urgentemente entender os valores do espírito e de seus planos, entender que toda a construção da carne é temporária e destinada a transformações, como bem dizia Lavoisier[9].

A mudança em nosso clima vibratório[10] altera nossa essência, bem como por onde andarmos, nos lares, nas ruas, no bairro, na Cidade, e com isso, mudamos a realidade temporariamente invisível aos nossos cinco sentidos.

Resolvendo atravessar o mar, Jesus chega na região a época conhecida como Gérasa. Descendo do barco, com sua mediunidade observa “um homem que tinha morada nos sepulcros[11], tratando-se porem de um espírito. Observando esta entidade a presença de Jesus pediu para que não o incomodasse, mas Jesus, num trabalho de desobsessão ordenava, “Espírito impuro, sai do homem![12]. E assim o fizeram frente à moral daquele que voz falava, indo posteriormente juntar-se a um chiqueiro de porcos.

Porém, antes de irem aos porcos perguntou o Cristo: “Qual o tem nome? Ele lhe diz: Legião[13] é meu nome, porque somos muitos[14].”

Esta passagem das andanças do Cristo nos mostra que enquanto cultivarmos o ódio, a inveja a violência e tantos outros sentimentos puramente carnais, continuaremos enquanto desencarnados com estes mesmos sentimentos, tornando-nos nós próprios os obsessores de alguém, permanecendo na Terra, sem evoluir, ao procurar uma errônea justiça.

Porém quando vigiamos e orarmos na procura do bem, não mais faremos parte da chamada legião, e deixaremos com que eles – que ainda se vêem como tal - sigam seu caminho, que como o de todas as criaturas, se faz para a luz.

Jivago Dias Amboni.


[1] Dicionário de Lingua Portuguesa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
[2] Explicado por Suely Caldas Shubert em Obsessão e Desobsessão.
[3] Benfeitor André Luiz em Obreiros da Vida Eterna.
[4] Platão nos dizia que o mundo real  é uma pálida reprodução do mundo das idéias. Vendo este último como o mundo real.
[5] Estágios no qual vivem espíritos.
[6] Após a romanização do Cristianismo, este foi perdendo sua essência, sofrendo alterações e interpretações com o objetivo de não só manter os poderes seculares presentes em cada época, mas também em colocar o povo sob dominação política, econômica e social.
[7] Influências de irmãos ainda envoltos em ódio ou que não compreenderam sua atual situação.
[8] Aqui pode-se entender passado como anos atrás, mas principalmente construções de vidas passadas, quando criamos nossos inimigos que, também aquele tempo, desencarnaram sem nos perdoar e ainda mantém estes sentimentos.
[9] Químico Francês. Importante estudioso sobre a conservação da matéria. É considerado também o pai da química moderna.
[10] Livre-arbítrio.
[11] Marcos 5:3. Tradução tirada diretamente da fonte grega em virtude de ser esta a fonte mais fidedigna da fala de Jesus.
[12] Marcos 5:8. (idem).
[13] Legião era uma divisão do exército romano, que continha em torno de 6.000 homens. Informação retirada do Novo Testamento de Haroldo Dutra Dias, p. 183.
[14] Marcos 5:9. (idem).