24 de ago. de 2011

Doutrina dos Espíritos: Primórdios na América. Resumo - 02


A história do primitivismo espírita nós trás constantemente os fatos ocorridos em Hydesville[1] na casa das irmãs Fox. No entanto, cabe-nos a necessidade de ressaltar que muito antes destes fatos, outras manifestações ocorreram em solo Americano. 

Da primeira metade do Século XIX, temos registros e publicações históricas que nos mostram que no Novo Mundo, houve mais de 60[2] casos de manifestações espirituais por meio dos recém iniciados fenômenos materiais[3]. Estas comunicações por sua vez tiveram uma grande abrangência dentre homens considerados de caráter pela sociedade da época. Juízes[4], filântropos, Reverendos de Igrejas como os Quakers e os Shakers, livres pensadores e tantos outros.

Como exemplo destas manifestações, podemos mencionar o Sr. Edward Irving da comunidade dos Shakers, que levou para dentro de sua comunidade religiosa a comunicação com a espiritualidade. Tais fenômenos, após várias comprovações, tiveram no Sr. Irving a sua proteção, sendo ele próprio o principal médium de manifestações materiais daquela comunidade. 

Foi por meio de Edward Irving, que após o ano de 1830 que as pessoas começaram a ser esclarecidas[5] com sua mediunidade. Em um dos vários registros publicados[6] nos jornais da época, temos as seguintes revelações:

Sons rápidos, queixosos, e inteligíveis, diz a testemunha. “havia uma força e um som cheio”, diz uma outra, “de que pareciam incapazes os delicados órgãos femininos”. “Rebentavam com assombro e terrível fragor”, diz uma terceira. 

Além das testemunhas acima, muitos ficavam fortemente impressionados com aqueles sons. O próprio Sr. Irving (médium) escreve dizendo:

 “Há na voz um poder de impressionar o coração e dominar o Espírito de maneira que jamais senti. Há uma cadência, uma majestade e uma constante grandeza que jamais ouvi falar de coisa semelhante. É muito parecido com os mais simples e os mais antigos cantos no serviço da cadetral de tal modo que cheguei a pensar que aqueles cantos, cuja reminiscência pode chegar a Ambrósio, são inspiradas preces da Igreja primitiva[7]. (grifo nosso).

Tantos outros nomes foram registrados pela história nestes primeiros dias do Espiritismo. Não só médiuns como as senhoras Hayden[8] e Emma Britten[9] que divulgaram aquilo que viria a ser a Doutrina Espírita pelos Estados Unidos e Inglaterra a fora com suas sessões públicas, sendo admiradas por filântropos[10], livres pensadores e também homens de fé que procuravam tais fenômenos em busca de suas comprovações. 

Assim se fez o iniciar os primeiros dias do espiritismo. Ainda com poucos conhecimentos, as criaturas começavam a se comunicar com os muitos planos da Casa do Pai, porém, ainda envoltos de preconceitos, egoísmos, vaidades e arrogância intelectual. 

Mais a frente, graças às comprovações de homens como Willian Crookes[11], novas descobertas corroboraram ainda mais para com as veracidades das manifestações. Colocando em definitivo a humanidade de frente com estas verdades.

Eram Chegados os tempos! A fé com a razão começava a firmar-se[12] ante as criaturas.

Jivago Dias Amboni


[1] Estado de Nova York. Ficou comprovado na história as manifestações materiais que ocorriam em virtude da mediunidade das irmãs da família Fox, em especial Kate, a irmã menor.
[2] Registros feitos pelo pesquisador e escritor Arthur Conan Doyle.
[3] Iniciou-se com batidas em mesas, cadeiras, arranhões em paredes e portas. Após este primeiro desenvolvimento, firmou-se as batidas nas letras do alfabeto que eram colocadas sob a mesa (longe do médium) formando-se assim as palavras.
[4] Juiz do Condado de New York, John W. Edmonds, manifestando a veracidade dos fatos inclusive por meio dos principais jornais da época (New York Courier).
[5] Consultas mediante alfabeto colocado sob a mesa.
[6] E muitos foram registrados inúmeras vezes nas revistas espiritualistas que começaram a aparecer na época, bem como em jornais de renome e periódicos não espiritualistas.
[7] História do Espiritismo, p.49, ed. 2011.
[8] Realizou sessões pela Inglaterra
[9] Viajou pelos Estados Unidos em sessões públicas para comprovar as veracidades das comunicações. Escreveu vários livros publicados a época e que ficaram muito conhecidos. Dentre os 03 principais encontramos:  Modern American Espiritualism, Ninetrrnth Century Miracles, Faiths, facts, and frauds of Religions History.
[10] Sr. Cown (também um pensador independente).
[11] Cientista da Acadêmia Real Inglesa. Eminente pesquisador que comprovou a existência de espíritos após medir e pesar o espírito de Kate King.
[12] Allan Kardec. Derradeiro pesquisador do Espiritismo.

20 de ago. de 2011

Doutrina dos Espíritos: Os Povos Antigos, Conhecimentos Espirituais e Seus Segredos. Os Primórdios, breve resumo - 01


A partir deste artigo, escreveremos uma “série” voltada para o chamado período do Espiritismo Primitivo (e não o Cristianismo Primitivo[1]). 

Como nossa intenção é a divulgação doutrinária, é de grande importância que resgatemos os fatos históricos para que estes não se percam. Usaremos a bibliografia existente em nosso alcance[2] para redigir resumos históricos ligados ao primitivismo Espírita. Como é comum na análise doutrinária, vamos nos utilizar de fatos comprovados e registrados em livros considerados sérios pela Doutrina, revelando fatos  ocorridos antes da codificação e dos estudos feitos pelo Mestre de Lion.

Antes de adentrarmos nos fenômenos ocorridos nos Estados Unidos e Europa, (Escócia, Inglaterra e França) do Século XIX[3], vamos neste momento voltar no tempo, para procurar entender o processo cauteloso dos planos espirituais, até a chegada em definitivo das manifestações materiais.

Quando aqui chegaram os exilados da Capela[4] uniram-se na Terra estes espíritos por afinidade mental e lingüística, criando desta feita quatro povos iniciais. Foram os primeiros Hindus, Hebreus, Egípcios e Árias[5] (estes últimos dando origem aos indo-europeus).

Dentre suas várias características, podemos citar o conhecimento que tinham (breve lembrança) do exílio, e uma tênue lembrança da vida em Capela, donde se originou o registro (embora infantil) do exílio do Paraíso nas páginas da Bíblia, e em outros livros antigos considerados sagrados. Estas lembranças vagas se fizeram presentes nas consciências destes povos, deixando em suas mentes a noção da Criação Divina na nova jornada que reiniciara. Pois, “Guardavam a lembrança de sua situação pregressa[6].

A lembrança da situação pregressa como diz Emmanuel, somado as manifestações espirituais de todos os tempos, criou nestes povos um misto de misticismos (por não entenderem bem os fenômenos) somado a manutenção dos segredos das comunicações, que até a revelação do Espiritismo dava-se somente para os iniciados.

Assim apareceram os rituais Védicos na antiga Índia, Os Hieróglifos dentre os primitivos Egípcios, a iniciação dentre os Druidas Celtas, e a vidência dentre os Profetas Hebreus, Pitonisas Gregas, Sibilas Romanas, “bruxas[7]” medievais e outros.
Todos médiuns, utilizando-se do nome e do entendimento de cada época, (de acordo com o amadurecimento das criaturas).

Por milênios os homens mantiveram a ligação com os planos espirituais em segredo. Estas por sua vez, sempre estiveram dentre as criaturas, porém, tudo era vedado às massas, pois se temia que o pouco amadurecimento intelectual e moral dos mais simples desvirtuassem uma ligação tão séria e sagrada.

Destas afirmações podemos tirar como exemplo o registro dos Vedas:

“... Por trás desses véus, as religiões antigas apareciam sob aspectos diversos, revestiam caráter grave e elevado, simultaneamente científico e filosófico. Seu ensino era duplo exterior e público de um lado, interior e secreto de outro, e, neste último caso, reservado somente aos iniciados[8]”.

Também com os antigos Egípcios que construíram escritas como os demóticos, os hieráticos e por último os hieróglifos.

 “Os hieróglifos tinham um triplo sentido e não podiam ser decifrados sem chave. A esses sinais aplicava-se a lei da analogia que rege os mundos: natural, humano e divino, e que permite exprimir os três aspectos de todas as coisas por combinações de números e figuras, que reproduzem a simetria harmoniosa e a unidade do Universo..[9].” 

Tudo isto estava presente como já dissemos nas revelações dos Profetas Hebreus e dos Druidas Celtas, (mediunicamente). Após este processo, vieram também as Pitonisas e as Sibilas que atendiam ao povo Grego e Romano quando em comunicação com os Espíritos.

Passados os tempos da Grécia e Roma, já ocorrido o período de amadurecimento das criaturas do mundo, uma nova forma de ver o Cristianismo começava a se fazer[10], colocando um “fim[11]” temporário nas comunicações, para só então, em tempos históricos mais recentes,[12] as antigas manifestações com o mundo espiritual retornarem novamente a ocorrer (ainda de forma ponderada), cumprindo-se com isso, os planos designados pelo mais alto.


[1] Cristianismo Primitivo é outra história, muito mais ampla, antiga e complexa. Ver Seminários de Aroldo Dutra Dias, e obra de León Denis (Cristianismo e Espiritismo).
[2] Sabedores que somos das poucas obras que possuímos diante do que já foi publicado.
[3] Espiritismo Primitivo.
[4] Emmanuel, A Caminho da Luz.
[5] Registros feitos por Emmanuel no livro A Caminho da Luz.
[6] A Caminho da Luz, Chico Xavier, (Emmanuel).
[7] Joana D’ Arc foi um dos maiores exemplos de médium na Idade Média.
[8] Depois da Morte – Leon Denis, p.19. Ao comentar um dos livros sagrados dos Vedas, o Bhagavad Gita
[9] Depois da Morte – Leon Denis
[10] Esta nova forma foi a imposição dos interesses humanos sob os verdadeiros ensinos de Jesus. Com isto, criaram-se novas interpretações Bíblicas, Dogmas, e a própria Igreja que conhecemos hoje.
[11] Estas por sua vez ocorriam, mas procurava-se esconder por achar o Clero obra “demoníaca”.
[12] Idade Média, médiuns foram vistos pela Igreja Romana como “feiticeiros, bruxas, magos”, criando um atraso em tais manifestações.

13 de ago. de 2011

Doutrina dos Espíritos: Crítica ao Dualismo de Entendimentos.


A Doutrina dos Espíritos aparece após inúmeras manifestações de ordem material. Se fortalece na Europa, e também no novo Continente, havendo mais de 60 casos[1] antes de Hysdesville[2].

Nos ensinam não só os espíritos, mas também os estudiosos da História do Espiritismo, que tais manifestações foram necessárias para chamar a atenção dos homens no tempo previsto para que o Espiritismo se mostrasse em suas revelações.
Entre seus estudiosos sérios, além de Kardec, o Espiritismo se fez perante os homens de cultura, intelectuais de sua época. Pessoas com conhecimentos necessários não só para entender esta nova filosofia que surgia, mas também para estudá-lo com todo rigor da razão e da Ciência.

Dentre estes grandes sábios, o Mestre de Lion foi a peça fundamental, que aprofundou e catalogou as comunicações que começavam a se fazer de forma cada vez mais contínua e com grande volume. Foi Kardec que não só o positivou, como também conseguiu deixar claro os ensinamentos dos planos superiores ao nos afirmar que o Espiritismo é “toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar[3]

O Espiritismo vem nos ensinar que todas as ações dentro da sua Seara devem estar de acordo com os seus ensinamentos gerais, e não somente feito encima de uma ou outra revelação, pois uma obra não esta acima das outras.

Estabelecia-se no Mundo os princípios da nova filosofia. O tripé espírita estava revelado, e veio como uma forma de integração da fé com a razão, deixando claro para os homens que uma completa a outra,  explicando de forma clara e racional os caminhos das Criaturas nas atuais existências.

Com isto, o Espiritismo mostra para aqueles que o querem seguir, que existe uma Sapiência por trás de tudo, princípios Cósmicos (Divinos) imutáveis, no qual devemos estudar para entendê-los profundamente ao invés de tentarmos alterá-los.
Por mais que grandes homens de intelecto[4] tenham (não por acaso) recebido e interpretado o Espiritismo, nós que herdamos estes ensinamentos, infelizmente tentamos modificá-los todos os dias, achando-nos com postura intelecto-moral suficiente para cometer tal gravame. 

A falta de conhecimento naquilo que estes grandes homens nos deixaram, levam-nos ao não entendimento do que realmente é a Filosofia Espírita. Não a entendemos, e com isso, tentamos colocar nossas impressões numa Doutrina que exige muito estudo para ser contestada.

Contestações sem fundamentação faz-nos crianças teimosas, e é no mínimo obra de nossas inconsequências e vaidades. Não estudamos os princípios espíritas, não lemos os grandes intelectuais que deram as bases doutrinárias, e temos a audácia de menosprezar suas obras.

Diante de tanta ignorância, o que sobra? Destempero. Afirmações sem nexo, e um total desvirtuamento dos resultados de anos de sérias pesquisas (filosóficas, históricas, matemáticas, físicas, etc).

A fundamentação espírita esta em toda a sua obra (básicas e mediúnicas). Aqueles que acham que tudo esta num único documento fechado enganam-se, e mostram-se sem preparo frente ao tamanho do conhecimento que os espíritos nos ofereceram até hoje, e que felizmente estão registrados nos livros espíritas (exemplo Chico Xavier). 

Aqueles que querem que esta realidade seja o oposto, no fundo não primam pelo desenvolvimento da Doutrina. Não querem entender o que esta posto pelos Espíritos, e preferem manter o seu parco conhecimento para usá-lo como muleta de suas aflições.

Ao invés de criarmos o nosso próprio espiritismo (como se isso fosse possível), devemos sim estudar a fundo, e aceitar o conhecimento doutrinário em sua fonte filosófica e científica. 

Esta é a proposta da espiritualidade!

Jivago Dias Amboni


[1] Registros feitos por Arthur C. Doyle.
[2] Comprovação de fenômenos materiais com as irmãs Fox.
[3] Livro dos Médiuns, Cap. III, item 18.
[4] Allan Kardec (codificador), Charles Richet, Ernesto Bozzano, Lombroso, Einstein, Dr. Gustave Geley, Camille Flammarion, Gabriel Delanne, León Denis, Sr Willian Crookes, Chico Xavier (psicografias), e tantos outros.