6 de out. de 2012

Allan Kardec

O ano de 1804 marcou um ponto de extrema relevância nos constantes trabalhos da Espiritualidade para com a Terra. Nascia em Lion, na França, em 03 (três) de outubro, Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Como intelectual Rivail destacou-se por ser um emérito professor, auxiliando a França em seu novo modelo pedagógico, estudos que modernizaram e atualizaram o ensino público daquele país. Foi também autor de várias obras científicas.

Todo este seu talento e conhecimento veio de sua formação como aluno de famosa escola Suíça, conhecido como Instituto de Yverdon, cujo mestre fora o grande Pestalozzi. Como aluno, Hippolyte mostrou-se destacado desde os primeiros anos de estudos.

Aprendendo as teorias humanistas, tradicionais do Instituto de Pestalozzi, o aluno Rivail, já adulto, volta-se a seus trabalhos de ordem pedagógica e científica, até que se iniciou na França os fenômenos das mesas girantes. Neste tempo, renomados senhores e senhoras da sociedade Parisiense começavam a utilizar-se deste para suprir suas curiosidades e suas necessidades materiais.

Como intelectual respeitado, o professor Hippolyte iniciou suas participações nestes fenômenos de forma incrédula, mas logo vendo que os fenômenos eram reais, voltou seu trabalho a um longo processo de análise e pesquisas, dando início ao grandioso trabalho da Codificação Espírita na Terra.

Os estudos do então professor Rivail marcaram na ordem das revelações espirituais, um divisor de águas, pois foi com ele que estes fenômenos começaram a se tornar sérios, em virtude da seriedade de suas análises e questionamentos.

Foi só após longos estudos e reestudos, que o professor iniciou seu trabalho de escrita, verdadeiros registros que estão até hoje dentre nós, com as cinco obras básicas do Espiritismo, bem como a Revista Espírita, documento publicado durante doze anos consecutivos.

Como era muito conhecido no meio científico, e não querendo chamar a atenção para si, mas para a verdade dos fenômenos que se iniciaram Rivail resolveu usar um pseudônimo, utilizando-se no nome Allan Kardec, que segundo seu mentor espiritual (Zéfiro), já tinha sido seu nome numa reencarnação passada, quando fora um Druida, na antiga Gália, hoje França.

Allan Kardec deixava o corpo físico como vivera sua vida após a descoberta da revelação espírita, trabalhando. Dedicando-se exclusivamente aos estudos espíritas no ímpeto de cumprir sua missão.

Homenageamos Kardec não pela sua divindade, pois não foi uma, mas por ser um Espírito comum que cumpriu com sua grandiosa missão. A missão de iniciar o Espiritismo na Terra (sendo apenas a ferramenta para tal), conforme predito pelo Cristo no Evangelho de João.

Que assim seja.
Jivago Dias Amboni – C.E. Circulo da Luz de Criciúma e 9 URE.

12 de set. de 2012

Onde esta a luz?

Ó vida ingrata! Porque cobras tantas aflições, tantas lutas. Onde encontra-se a luz? A calmaria da alma? Talvez este seja um pensamento constante em nossa vida.

Mas será que o que passamos na vida são definitivamente cobranças? O véu do esquecimento nos é dado para que possamos seguir em frente dentro do nosso livre-arbítrio. As aflições, nos ensina Emmanuel, são aquelas construções equivocadas feitas em nossas vidas passadas, e que, em virtude de estarem registradas em nosso perispírito vez ou outra, afloram dentro de nós mesmos, criando mágoas e sentimentos que muitas das vezes desconhecemos, pensamentos outros que nunca pensamos, e assim sucessivamente. 

O mergulho que o Espírito da novamente a carne, serve como fase de depuração, o vaso carnal nada mais é do que o filtro deste Espírito, ainda somatizado em suas atribulações do passado. Com a carne, paulatinamente vamos filtrando estas somatizações, desde que tenhamos vontade de realizar a reforma interior.

É um processo que nos parece lento, mas necessário para a evolução do Espírito. Somente com o esquecimento e o reajuste de todo o passado é que iremos ter existências futuras – tanto dentro da carne, como fora dela, em outros planos - mais saudáveis e harmoniosos.

Jivago Dias Amboni – Centro Espírita Circulo da Luz de Criciúma e 9 URE.
Criciúma, setembro de 2012.

3 de set. de 2012

Gêneros e Intertextualidade: A Bíblia como Obra Literária. (terceira e última parte)

4.    Contexto
    Sempre que nos comunicamos estamos imersos a determinada situação. A isso chamamos contexto. Ou como melhor nos explica Villaça Koch (2006, p. 4), “o contexto é, portanto, um conjunto de suposições baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizados para a intepretação de um texto.”

    Só há entendimento entre os interlocutores quando eles conhecem o assunto sobre o qual vão discorrer e o meio (a linguagem)pelo qual vai ser expresso o tema. Por exemplo: Eu posso ser PHD em física quântica, vou ministrar uma palestra em Harvard para uma plateia tão qualificada quanto eu, mas não sei falar japonês e não há tradutor para esse idioma, e 50% da plateia só fala japonês. O que acontecerá? Somente metade do público compreenderá o que será dito, pelo simples motivo de não conhecer a língua pela qual será proferida a comunicação.Isso também acontece com a leitura da bíblia, há várias expressões idiomáticas das línguas hebraica, aramaica e grega que não conhecemos. Muitos tentam traduzir essas expressões literalmente e não vão ser felizes com o resultado. Como traduziríamos, por exemplo, as seguintes expressões idiomáticas para outro idioma: “Hoje no trabalho engoli muitos sapos”. Ou, ainda, “O seu Joaquim bateu as botas.” Essas expressões são comuns no nosso cotidiano, mas talvez, daqui a cem anos poucos saberão o seu significado. Imaginem textos que foram escritos há dois mil anos e, alguns, há três mil anos ou mais.    Ao depararmos com traduções de textos tão antigos temos que ter cautela em pronunciar qualquer opinião sem o cuidado de verificar o meio, a cultura, o contexto em que foi escrito tais passagens. Koch nos esclarece com mais propriedade a relevância do contexto para a compreensão de qualquer enunciado:
O contexto, da forma como é hoje entendido no interior da linguística textual, abrange, portanto, não só o co-texto, como a situação de interação imediata, a situação mediata (entorno sociopolítico-cultural) e também o contexto sociocognitivo dos interlocutoresque, na verdade, subsume os demais. Ele engloba todos os tipos de conhecimentos arquivados na memória dos actantes sociais, que necessitam ser mobilizados por ocasião de intercâmbio verbal. (2002, cap. II)

E para nos aclarar ainda mais sobre contexto, diz:
Quando adotamos, para entender o texto, a metáfora do iceberg, que tem uma pequena superfície à flor da água (o explícito) e uma superfície subjacente, que fundamenta a intepretação (o implícito), podemos chamar de contexto um iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo que, de alguma forma, contribui para ou determina a construção do sentido. (2008, cap. 3)

5.    Conclusão
   
    Há critérios de estudos de textos que nós, leitores comuns, não estamos acostumados a utilizar. Critérios esses que, a ciência da língua, conhecida como linguística, pode nos ser muito útil para uma melhor interpretação da Bíblia, seja a Bíblia Hebraica ou o Novo Testamento. Se estivermos realmente interessados em compreender um pouco mais a fundo os densos textos da cultura do povo de Israel, podemos nos valer dos estudos de alguns linguistas e, até, inclusive, da teoria literária.

    As pesquisas em Bíblia em nosso país estão só começando. Penso que está área é rica em sutilezas, em detalhes e em nuances que somente estudos sérios, embasados e comprometidos com a pureza da literatura bíblica poderão nos envolver e nos agraciar com as belezas que toda boa obra nos oferece.

A Bíblia deve ser estudada ou lida por prazer, como todos os clássicos da literatura. Temos que evitar os preconceitos. E quando nos deparamos com algo que não entendemos no texto bíblico, devemos procurar respostas em outras pesquisas sérias ou com alguém que esteja mais habituado ao texto em questão. O que não se deve fazer é pensar que aquilo que não compreendemos está errado. Como já dissemos antes, há sutilezas nos textos bíblicos que somente compreenderemos se nos envolvermos com estudos e com a alma.





2 de set. de 2012

Gêneros e Intertextualidade: A Bíblia como Obra Literária. (segunda parte)

Segue a continuação da pesquisa feita pelo confrade Jorgemar Teixeira.

2.    Gêneros textuais na Bíblia

    Para não incorrermos em erro na leitura e interpretação bíblica, temos que ter consciência de que há na bíblia uma diversidade de gêneros literários, tais como: o Didático, o Profético, o Poético, o Apocalíptico, o Jurídico, o Epistolar, etc.Cássio Murilo Dias escreve proveitosa reflexão sobre o estudo dos gêneros literários da Bíblia em seu livro Leia a Bíblia como Literatura:
Falar em “gênero literário” exige que se façam algumas observações prévias. Em primeiro lugar, o termo “gênero literário” corre o risco de fazer esquecer que boa parte do material bíblico surgiu como tradição oral, isto é, antes de se tornarem textos, relatos e ensinamentos eram transmitidos de boca em boca, não só como atividade lúdica e estética, mas também como forma de transmitir cultura, orientações estéticas e conteúdo de fé. Por isso, embora o estudo de gêneros literários baseiam-se no material escrito, não se pode apagar o estágio anterior ao processo de transcrição”.
“Segundo, embora boa parte dos “gêneros literários” tenha esquemas relativamente fixos, esta não é uma regra universal. Há textos que possuem um estilo ou uma índole comum, mas não seguem o mesmo modelo. Com efeito, também esta é uma herança do período de transmissão oral”.
“Terceiro, o gênero literário “puro” existe só na abstração. Toda vez que um modelo é empregado, ele sofre influências do contexto e apresenta alterações, seja na sua forma, seja na sua finalidade. Há também textos híbridos, isto é, uma mesma perícope pode ser formada pela justaposição de dois gêneros literários distintos.
“Quarto, cumpre observar que os mesmos gêneros literários são utilizados tanto no Antigo como no Novo Testamento”. (2007, cap. 4)

Para exemplificar o que nos diz Cássio Murilo Dias, recorremos a Haroldo Dutra Dias:
No relato denominado “encontro junto ao poço”, (...), o redator bíblico procura explicar como os casais de patriarcas se conheceram, além de engrandecer as qualidades de cada um deles.
“A narrativa se desenrola em um dos poucos locais em que homens e mulheres, que não fossem parentes, podiam conversar, na antiga Israel. Nesse local de encontro, as mulheres demonstram sua capacidade de cuidar da casa e do rebanho, ao passo que os homens exibiam sua força de trabalho. (2011, p.147)

    Gn 24    Gn 29    João 4
Homem chega ao poço                                                  11                                         2-4                                              6
Mulher chega para tirar água                                       15-16                                            9                                           7a

Os dois conversam    17-18    8, 11-12a    7b, 9-12
Ele tira a água e oferece a ela e ao rebanho   
19-21   
10   
13-16
Ela volta para casa e relata o encontro     28                                     12b                                 28-29
Ele é convidado a visitar a casa dela                                        31-33                                       13-14                                           40

Os dois se casam    67   
15-21, 28    41-42

Vamos ver como Cássio Murilo Dias nos explica o diagrama supracitado:
As diferenças na aplicação do esquema básico estão em função do que é específico em cada texto. Em Gn 24, em lugar de o homem tirar a água, é a mulher que o faz. Talvez isso aconteça porque o homem que chega ao poço é somente o representante do futuro noivo. Em Gn 29, antes de Raquel chegar, já estão lá os pastores e é com eles que Jacó conversa em primeiro lugar. Só depois chega Raquel. Essa demora na chegada de Raquel antecipa a grande variação nesse caso concreto, isto é, a inversão do casamento: na noite de núpcias, Labão engana Jacó e o obriga a casar com Léa antes de se casar com Raquel. O episódio narrado em Jo 4 é fortemente simbólico: a mulher é figura da Samaria, antiga capital do reino do norte; os cinco maridos não são seres humanos do sexo masculino, mas, sim, cinco divindades cultuadas pelos povos que foram transplantados para a Samaria durante a dominação assíria (cf. 2Rs 17:29-31). Em outras palavras, Jo 4 usa o gênero do encontro junto ao poço para descrever a acolhida do evangelho pelos samaritanos, isto é, como Samaria “se casou” com Jesus. (2007, cap. 4)

Nas partes citadas da Bíblia e na boa explanação de Cássio Dias sobre as mesmas, temos todos os nossos objetos de estudo propostos para esse artigo.Temos o gênero literário chamado “encontro junto ao poço”. Há três encontros em lugares comuns e com finalidades semelhantes entre eles. Os diálogos são similares. As personagens são importantes para o povo judeu. E podemos ir mais longe: Por que num poço de água? O que a água simboliza para esse povo? Há uma explicação lógica para isso?Sim. Como o povo hebreu vivia em áreas desérticas e semiáridas, com raras fontes e poucas chuvas na maior parte do ano, a água tinha uma significação especial em sua cultura. As fontes, as chuvas, os rios, os lagos, os córregos, eram sinais da Graça do Deus único, como vemos abaixo:
•    O paraíso terrestre é banhado por quatro rios (cf. Gn 2,8­15).
•    O salmo 46, ao falar de Jerusalém, diz: “Um rio e seus canais alegram a cidade de Deus”.
•     O Senhor é meu pastor e me conduz às águas tranquilas. (Sl 23).
•     O coração de um rei é o rio de água nas mãos de Deus (Pr 21, 1)
•    Isaías prevê o mundo futuro, quando “O conhecimento do Senhor encherá a terra como as águas enchem o mar”. (Is 11,9).
•    A ciência do sábio aumenta como a inundação e seu conselho é como fonte de
água viva. (Eclo 21,13).
•    Deus, por meio  de Jeremias,  apresenta­se  como “fonte  de água viva” (cf. Jr2,13).

Citamos alguns para servirem de exemplo, mas há vários, inúmeros casos na Bíblia em que a água é mencionada pelo povo de Israel como símbolo sagrado.

Assim como acontece hoje, escrevemos ou falamos de acordo com o gênero que mais se adequa a ocasião, no Antigo e no Novo Testamento isso também ocorria. Então, é natural que os escritores bíblicos usassem de gêneros textuais preestabelecidos em sua época e região conforme a herança cultural daquele povo, como vimos no relato denominado “encontro junto ao poço”.E isso torna o texto bíblico mais inteligível, mais verossímil, mais próximo à nossa realidade. Ou seja, a escritura bíblica e os seus leitores comuns só têm a ganhar quando se abre esse leque de possibilidades de estudos referente ao gêneroliterário.

3. Intertextualidade
    Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, a Intertextualidade é a “superposição de um texto literário a outro; influência de um texto sobre outro que o toma de modelo ou ponto de partida, que gera a atualização do texto citado; utilização de uma multiplicidade de textos ou de partes de textos preexistentes de um ou mais autores, de que resulta a elaboração de um novo texto literário; em determinado texto de um autor, utilização de referências ou partes de obras anteriores deste autor”.

    Utilizando, ainda, os textos de Gênesis 24 e 29 e João 4, nossa percepção literária nos dirá que estas três passagens bíblicas estão inseridas no conceito de intertextualidade, conforme nos explica o Dicionário Houaiss da língua portuguesa.Há superposição de textos, influência de um texto sobre outro e utilização de partes da obra.E para ampliar nosso entendimento de intertextualidade recorremos a Ingedore Villaça Koch:
(...) podemos depreender que, stricto sensu, a intertextualidade ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de uma coletividade. Como vemos, a intertextualidade é elemento constituinte e constitutivo do processo de escrita/leitura e compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende de conhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relações que um texto mantém com outros textos. (2008, cap. 4)

    Para diferir a intertextualidade implícita da explicita Koch nos explica:
Em sentido amplo, a intertextualidade se faz presente em todo e qualquer texto, como componente decisivo de suas condições de produção. Isto é, ela é condição mesma de existência de textos, já que há sempre um já-dito, prévio a todo dizer. Segundo J. Kristeva, criadora do termo, todo texto é mosaico de citações, de outros dizeres que o antecederam e lhe deram origem. (2008, cap. 4)

    Desse modo podemos inferir que, desde que o “homem” começou a transmitir alguns sons para se comunicar em suas comunidades primitivas, esses sons foram sendo repetidos e modificados de acordo com a necessidade de cada momento. Não há textos puros. Todo texto remete a outro, que por sua vez remete a outro anterior e assim sucessivamente.Podemos pensar em outro caso: existe originalidade em se falando de texto? Creio que depende do nosso conceito do que vem a ser original. Paremos por aqui para não perdermos o foco de nosso modesto trabalho.

29 de ago. de 2012

Gêneros e Intertextualidade: A Bíblia como Obra Literária. (primeira parte)

A partir deste título, estaremos colocando (em partes) um artigo escrito pelo nosso confrade de Doutrina Jorgemar Teixeira. Trata-se de um artigo que serviu na conclusão de seu Curso Superior em Letras. A professora Orientadora foi a Sra. Cláudia Franscisco.

Segue a primeira parte:

RESUMO

Este artigo propõe uma discussão sobre a leitura e interpretação bíblica não para os exegetas, mas para pessoas comuns que tem neste apanhado de livros um consolo, um refúgio, um alento para o seu cotidiano. Para esse estudo teremos por embasamento teórico a linguística textual.

PALAVRAS-CHAVE:Gêneros textuais. Intertextualidade. Contexto.Evangelho.Antigo Testamento.


Genres and Intertextuality: The Bible as a Literary Work

Abstract

This article proposes a discussion about reading and interpreting biblicalnot to exegetes, but for ordinary people who have in this bunchedof books a comfort, a refuge, an encouragement to your daily life. For this study we have for the theoretical basis the linguistic textual.
   
Keywords:Text genres. Intertextuality.Context.Gospel. OldTestament.


1.    Introdução

Muitos cristãos leem a Bíblia como um livro sagrado,que foi escrito por santos, por pessoas que não erravam ou pelo próprio Deus. Nossa proposta não é destruir essa imagem edificada ao longo dos anos na cultura judaico-cristã, e sim ampliá-la. Haroldo DutraDias em seu livro Parábolas de Jesus Texto e Contexto(2011, p. 50-51) diz:

Acreditamos que o estudo da linguagem, através das contribuições oferecidas pela ciência denominada linguística, e o conhecimento das questões relativas à crítica literária, seriam de grande valia para a superação desse entrave.

    Ou no artigo de João CesárioEstudos Literários Aplicados à Bíblia: dificuldades e contribuições para a construção de uma relação(2006, p. 2):

A dificuldade vivenciada por aqueles que abordam a Bíblia apenas como texto sagrado reside em um equívoco de base. Falta uma compreensão adequada do que é um “texto”, bíblico ou não, e de suas funções. Central para isso é o reconhecimento da literatura como mimesis, ou seja, imitação e representação da realidade, e como poiesis, isto é, como criação e transformação da realidade. Nenhum texto “é” o fato que narraou a situação da qual é testemunha. Ele é uma “representação” do evento através de um meio de comunicação que possui leis próprias.

Nossa compreensão sobre texto aumenta quando lemos o que Mário Eduardo Martelotta (2011, p. 194) diz em seu livro Manual de Linguística:
Assim, podemos dizer que o texto é a unidade comunicativa básica, aquilo que as pessoas têm a declarar umas às outras. Essa declaração pode ser um pedido, um relato, uma opinião, uma prece, enfim, as mais diversas formas de comunicação.

Sabemos, agora, que o texto é uma representação da realidade e que atua como transformador e criador dessa mesma realidade. Também entendemos que um texto, não necessariamente, tem que estar escrito. Ele pode ser escrito, falado, sinalizado, etc.

O texto da Bíblia influencia a sociedade na qual está inserida desde quando a Torah (o Velho Testamento ou a Bíblia hebraica) era veiculada de geração em geração de forma oral. Queiramos ou não, somos conduzidos pela cultura judaico-cristã há alguns séculos, conforme a citação abaixo:

No ocidente, os temas cristãos perpassam toda a cultura, o direito, a filosofia, apolítica, os costumes, as artes de modo geral. Mesmo para os que não têm fé, éimpossível escapar desse arcabouço sociocultural que molda há 2 mil anos associedades ocidentais. Ideias e práticas cristãs ultrapassam a dimensão religiosae alcançam a vida social, política e intelectual. (Biblioteca EntreLivros SantaFilosofia, 2007, p. 7)


Há alguns que dizem que a bíblia não pode ser considerada literatura porque não se enquadra no que os literatos chamam de clássicos. Vamos ver o que nos diz Ítalo Calvino, um dos maiores escritores italianos do século passado, sobre o que é um clássico em seu livro Por Que Ler Os Clássicos:
•    Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
•    Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
•    Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram.
•    É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.

Calvino cita outros critérios, mas pensamos ser estes suficientes para o nosso estudo.
(continua).
Jorgemar Teixeira - Centro Espírita Circulo da Luz - Criciúma.



26 de ago. de 2012

Mediunato: Um Processo Natural.

O objetivo deste artigo e traçar em linhas históricas a natureza dos processos mediúnicos, demonstrando que estes processos são em suma um fenômeno natural, e sempre existente dentre os homens.

O processo mediúnico, amplamente estudado e divulgado pelo Espiritismo não é algo confirmado unicamente por esta Ciência, seu papel na esteira das revelações Divinas esta em desmistificar este fenômeno, colocando-o na esfera da razão, e explicando aos homens sua necessidade e natureza Divina.

Ao analisarmos as primeiras formações humanas no Planeta, encontramos na literatura não só Espírita, a existência da mediunidade em todos os povos.

Nossa jornada tem seu início nos primeiros povos a aprimorar tal conhecimento, os antigos Indianos e os primeiros Egípcios, com seus Vedas  e Hierofantes. Sacerdotes, que obtinham por meio de estudos secretos os ensinos para entender sua real existência na Terra, bem como a comunicação com os chamados Deuses .

Estas tradições passaram paulatinamente para os Gregos, Romanos, Essênios, Hebreus e demais povos que vieram a compor a chamada Antiguidade .

Dentre os Gregos, os médiuns eram conhecidos como Pitons e Pitonisas. Já na Roma dos Césares, como Sibilas, que ministravam suas consultas nos famosos Oráculos, como o de Delfos e Dondona .


Sobre este fato, registra o filósofo grego Platão:

“As profetisas de Delfos e Dondona, tomadas por um delírio divino, prestaram numerosos serviços à Grécia ”.

Dentre Essênios e Hebreus, aqueles que se comunicavam com os seres espirituais eram conhecidos como Profetas. Porém, na linguagem atual, todos médiuns, pois comunicavam-se com os demais planos espirituais e seus espíritos, independente de qual o nível de evolução destes.

Mas os Séculos na Terra passam como uma átimo no Universo, o tempo chega na fase de maturidade dos Homens. Após os dogmas dos Concílios que levaram a mediunidade ao caos da ignorância na Idade Média, era chegado o fim de turbulências e perseguições. Oitocentos anos de escuridão religiosa , davam espaço para o Renascimento das idéias, e a razão do Iluminismo.

Era chegado o momento da mediunidade aberta a todos, sem preconceitos, sem escolhidos e principalmente sem misticismos. Fazia-se o momento deste verdadeiro sentido  humano ser divulgado dentre todos, não mais para aguçar curiosidades, alcançar poderes seculares ou executar guerras, mas enfim, para que fosse ministrada dentro dos ensinos do Mestre Crístico, voltada para bem, para o auxilio e benevolência com o próximo. Era chegado o momento da mediunidade com os ensinos de Jesus.

O maior de todos os Espíritos a já pisar na Terra, tinha deixado seu lastro. Em sua transfiguração no Tabor, com sua comunicação mediúnica com os desencarnados de Gerasa, e tantos outros acontecimentos não registrados na Bíblia, com sua aparição a Maria Madalena, e após seu desencarne com o dia de Pentecostes, deixando sua mensagem aos apóstolos.

No primeiro momento da história cristã, iniciou-se a abertura da mediunidade com três apóstolos (no Tabor), depois abre para todo o colegiado (em Pentecostes), dizendo aos homens que seu amadurecimento já comportava tais comunicações, ao contrário dos tempos de Moises, quando a proibição se fez em virtude da mediunidade desvairada que atingia ao povo Hebreu em virtude, justamente desta falta de amadurecimento.

Nos diz Emmanuel ao falar sobre a proibição no Deuternômio:

“Antes de tudo, faz-se preciso considerar que a afirmativa tem sido objeto injusto de largas discussões por parte dos adversários da nova revelação que o Espiritismo trouxe aos homens, na sua feição de Consolador. As expressões sectárias, todavia, devem considerar que a época de Moisés não comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior ”. (grifo nosso).

Não mais a proibição! Agora a aceitação, com todas as responsabilidades ensinadas pelo Cristo.

“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu espírito derramarei sobre toda a carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vosso mancebos terão visões e os vosso velhos sonharão sonhos ” (Atos, 2:17).

Além destes fatos narrados no Cristianismo Primitivo, temos também o próprio Apostolo dos Gentios, quando em Corinto, ouve (mediunicamente) uma voz e imagem no qual acreditou ser Jesus, dizendo-lhe: “usa os poderes do Espírito”, lição que esclarece-nos Emmanuel na obra Paulo e Estevão, nos dizendo que o Cristo quis dizer a Paulo de Tarso para que Ele escrevesse em seu nome as lições ditadas por Estevão em Espírito. Em suma, cartas mediúnicas.

Após todas estas autorizações do próprio Jesus, tanto encarnado, quando desencarnado, confirma a necessidade dos tempos de esclarecimentos mediunicos. Neste ponto, aparece o Espiritismo como a continuidade destas revelações. A lição do Cristo ressurge em sua pureza doutrinária, juntamente com os esclarecimentos científicos necessários aos homens modernos.

A mediunidade sem mística se faz realidade na Terra. Não mais o sobrenatural, agora o natural, não mais o preconceito, mas um processo Divino, necessário ao aperfeiçoamento das criaturas.

Perguntado a Emmanuel sobre o mediunato, ele responde:

“ A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda a carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra... Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo .” (grifo nosso).

Esta é a lição que fica com a nova revelação. A terceira, que vem complementar a primeira e segunda, de acordo com os merecimentos da humanidade. Mediunidade com Jesus, esta a solução mais segura para as criaturas.

Jivago Dias Amboni – trabalhador do Centro Espírita Circulo da Luz e integrante da 9 URE.

13 de ago. de 2012

A Importância de Evangelizar/Espiritizar

Todos sabemos que uma das colunas que sustenta o Espiritismo é a sua religiosidade, (por entender que Jesus é o governador do Orbe Planetário, e que a própria Doutrina Espírita faz parte das revelações Divinas), tanto que em suas Obras Básicas, tem o Espiritismo o Evangelho Espírita .

Neste documento, são resgatados as máximas do Cristo, que por sua vez, integram-se perfeitamente aos Evangelhos dos Evangelistas, presentes na Segunda Revelação.

Além disso, com a Doutrina Espírita conseguimos extrair também das grandes lições de Emmanuel  com seus cruzamentos necessários e edificantes, que são feitos entre Segunda e Terceira Revelação, mostrando-se a lógica na ligação de todas elas.

Tal conteúdo é defendido pela Doutrina no repasse destes jovens em virtude da necessidade que temos atualmente de moralizar os mesmos, ao informá-los sua real situação na Terra, enquanto Espíritos imortais e viajores de uma longa jornada.

A carência de tais conceitos na atualidade se faz em virtude de a Terra estar atingindo sua fase inicial de Transição, onde deixará de ser Mundo Escola. Em virtude de tal situação, Espíritos cada vez mais necessitados de informações espirituais vêm ao Orbe, no intuito de se auto-reformarem, ato que ocorre quando do conhecimento de sua real situação na presente encarnação.

Manoel Philomento de Miranda  nos informa em uma de suas obras, que tanto Espíritos evoluídos, quanto necessitados, já estão encarnando na Terra nestes tempos de Transição, os primeiros virão para auxiliar, já os segundos para se esclarecerem.

Daí a importância das Casas Espíritas, bem como a de seus trabalhadores, em estarem preparados em conteúdo moral e intelectual, pois estaremos recebendo em nossas Casas Espíritos com várias experiências e muito inteligentes, mas que por sua vêz, necessitados de mais conhecimentos morais, pois estes nunca cessam para o Espírito.

É com estas ferramentas, ou seja, as oferecidas pelo Espiritismo, que poderemos estar auxiliando nossos jovens e crianças, para que junto com o conhecimento intelectual cresçam também no moral, tornando-se homens de bem, e aproveitando sua reencarnação nos valores do Espírito.

Com isto, estaremos sim, ajudando jovens e crianças a evoluir, auxiliando eles a tornarem-se seres com valores outros, que não os da matéria.


Jivago Dias Amboni – Integrante da 9 URE e do Centro Espírita Circulo da Luz.

10 de jul. de 2012

Evolução do Princípio Espiritual.

A Doutrina Espírita em muito nos fala sobre a evolução espiritual. Comprova-nos que o Espírito é imortal (comprovação feita em reuniões mediúnicas), e que esta em constante processo de evolução. Porém desde a criação do princípio espiritual (em um dado momento que desconhecemos), até o momento em que este inicia com lampejos de razão, leva-se (ao tempo da Terra) séculos, sendo o Espírito um resultado disso, e antes disso, “um mero embrião” da criação.

Segundo a falange de Espíritos que compunham o consolador prometido pelo Cristo, ao serem indagados sobre este tema respondem a Kardec em O Livro dos Espíritos:

“ Entre os Espíritos, alguns foram criados bons e outros maus?”
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência...” (q. 115).

Sabe-se que o tempo que levaremos para construirmos nossa moral, e receber o merecimento de habitar nas esferas de Espíritos Angelicais, é o tempo que levamos para alcançar a atual razão e sentimentos que possuímos. Nos dizeres da benfeitora espiritual Joanna de Ângelis:

“... Manifestando-se em sono profundo nos minerais através dos milênios, germina mediante processo de modificação estrutural, transferindo-se para o reino vegetal...”. (obra Iluminação Interior), (grifo nosso).
Salientamos que o Espiritismo nos mostra que esta modificação estrutural geralmente ocorre em planos espirituais diversos (Universo), ou em outros planetas.

Neste mesmo sentido, o benfeitor espiritual Emmanuel esclarece:

“A escala do progresso é sublime e infinita. No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade”. (O Consolador, q.79), (grifo nosso).

Com estas revelações trazidas mediunicamente, o Espiritismo nos mostra que somos criados simples e ignorantes, e que de acordo com as necessidades e mutações biológicas e químicas, vamos, de tempos em tempos, atingindo nossos estágios nos reinos “inferiores”, alcançando mais a frente à fase hominal.

Talvez esta seja uma das lições mais difíceis de compreender em toda a Doutrina Espírita. Após milênios de evolução na Terra, só agora estamos amadurecidos para iniciar nossa compreensão nesta matéria, que é profunda, riquíssima e tem no Espiritismo sua plausível e real explicação.

Chegou o momento de compreendermos que de reinos em reinos, vamos evoluindo, saindo de um princípio espiritual criado há milênios, e paulatinamente avançando. Hora dormitamos no mineral, outrora iniciamos os sentimentos no vegetal para aperfeiçoar o instinto no reino animal, até a chegada na fase hominal, quando o Espírito já preparado em sua razão, une tudo isto, e inicia o seu livre-arbítrio na sua jornada de luz. É daqui para frente que vamos estagnar ou adiantar nossa evolução para outras moradas da Casa do Pai.

Devemos usar este verdadeiro caldo que a evolução nos deu para o bem, só assim, tudo o que construímos até agora, terá um resultado satisfatório que nos levara para estas Searas de luz.


Jivago Dias Amboni – Integrante do Movimento Espírita Organizado em Santa Catarina – Integrante do Centro Espírita Circulo da Luz, filiado a Federação Espírita Catarinense.

6 de jun. de 2012

Públio Lentulus: A História de um Homem, a História de um Espírito:

Desde a revelação espírita, o Mundo tem tido o conhecimento do grandioso trabalho mediúnico (psicografia) de Francisco Cândido Xavier na publicação de “seus” livros.

Sabe-se que todo este trabalho fora executado graças ao benfeitor espiritual deste médium, que se apresentou como Emmanuel.

Mas quem foi este benfeitor? E como teve ele tal merecimento para apresentar-se como um espírito amigo e organizar grandiosas revelações espíritas?

O Espiritismo nos ensina que somos criados simples e ignorantes, e no decorrer dos séculos, evoluímos paulatinamente por meio das nossas várias jornadas, (reencarnações na Terra, necessárias para a nossa autolibertação).

O orgulhoso Senador Públio Lentulus Cornelius, descendente da orgulhosa gens Cornélia, (ver livro Há Dois Mil Anos), após passar por diversas reencarnações corretivas para sanar sua vida embevecida nas paixões do poder e da luxúria, apresenta-se, passados longos processos de depuração espiritual, com Emmanuel, espírito protetor de Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier.

Até o ponto em que nos foi permitido conhecer sua história, vimos este Ser (espírito) imortal adquirir os dotes intelecutias das construções humanas, aprendendo mais a frente (próxima reencarnação) a simplicidade no labor braçal de escravo, para só a posterior, ingressar nos estudos da fé (embora dogmática e cega), onde iniciara sua preparação para o derradeiro trabalho.

Como resumo da vida de Públio Lentulus, citamos sua trajetória inicial de Cônsul da grande Roma, e após Senador do mesmo Império e da mesma gens (palavra latina que significa consangüíneo).

Posteriormente a estas duas vidas de conhecimentos terrenos e de muito poder, volta ao vaso carnal em Éfeso, já como escravo, cinqüenta anos depois de sua jornada de esplendor. Passados alguns séculos como personagem da história do antigo Império, Emmanuel liberta-se daquele processo, e volta novamente ao Mundo escola, já em outros períodos da humanidade.

Como integrante da medieval Igreja, ora aparece como Padre Damiano, (dentre outras existências) para por fim, auxiliar o Brasil como Padre Manoel da Nóbrega.

Este o resumo do processo natural de resgates e bem aventuranças deste espírito (podendo ser de todos nós), que, valendo-se da Lei de ação e reação, soube, em determinado momento de sua existência, utilizar-se de seu livre-arbítrio, libertando-se definitivamente dos valores do Mundo.

Com todos estes merecimentos conquistados, temos Emmanuel como resultado de si próprio na grande jornada terrena, fim de toda criatura, tornar-se Espírito de luz. Este o exemplo do benfeitor, nos mostrando que com sua evolução moral e intelectual (ambas tem que ocorrer no processo de evolução), o Ser continua agora cada vez mais pujante, com mais energia, mais felicidade e por sua vez muito mais trabalho no bem, ações e emoções, que fazem o Espírito evoluir cada vez mais.

Como nos diz o cântico do Século VIII: “Veni, veni, Emmanuel Captivum solve Israel, Qui gemit in exilio, Privatus Dei Filio”. (Emmanuel neste caso é o significado da palavra Deus conosco).


Que assim seja.
Jivago Dias Amboni – integrante do Movimento Espírita Catarinense e trabalhador do Centro Espírita Circulo da Luz de Criciúma.

13 de mai. de 2012

Espíritos Protetores

Nas tradições de todos os tempos, desde seus primórdios, até a data atual, estamos sempre em contato com as revelações, que em seus vários registros, nos demonstram a existência e o auxílio dos chamados, Anjos.

Mas o que seriam os Anjos? E qual sua diferença para com os Espíritos de Luz (protetores) ensinados e comprovados pela revelação Espírita? Em suma, falamos dos mesmos seres, Espíritos evoluídos (em algum momento de sua jornada foram Homens), que se utilizando de seu livre-arbítrio ascenderam nas escalas evolutivas, (naturais aos espíritos em seu processo de evolução), e que por isso mesmo, tornaram-se mensageiros do Cristo, ou, Anjos (etimologicamente a palavra anjo vem do Grego, e quer dizer mensageiros).

No Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questiona na pergunta de número 128 sobre a categoria e a natureza destes Seres.

 “Os seres que chamamos de anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial de natureza diferente dos outros Espíritos?”.

E os Espíritos que iniciavam a Terceira Revelação na Terra respondem:

“Não; esses são os Espíritos puros; os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições”

E continua o codificador em seus questionamentos.

“Há Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para o proteger?”
“Sim, o irmão espiritual; é o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio”, (q. 489 L.E).

“Que se deve entender por anjo guardião?”
“O Espírito protetor de uma ordem elevada” (q. 490 L.E).

Não que formem a mais alta escala da evolução espiritual, mas são aqueles que (no passado, como espíritos imortais) revestiram a carne como homens, e que hoje ocupam um alto grau em virtude da escala moral que atingiram dentro de seus merecimentos. Cabe salientar que como todos os seres da criação, nasceram simples e ignorantes, estiveram em várias reencarnações, mas, sabendo utilizar seu livre-arbítrio conquistaram os atuais estágios de evolução em que se encontram.

Nos registros da História, temos a presença destes Espíritos superiores comunicando-se com os Homens. Com os apóstolos do Cristo (dos vários momentos podemos citar o Pentecostes), com Maomé ao refugiar-se no deserto e receber a visita do “Anjo” Gabriel, que lhe dita o Alcorão, com Thomas de Aquino, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, os Profetas de Israel (em suas inspirações), com Pedro o apóstolo, Dante Alighieri, Joana D’Arc, Irmãs Fox, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros, que com suas mediunidades afloradas e bem trabalhadas, receberam e recebem os chamados Anjos, ou espíritos protetores, para guiar a Humanidade.

Em suma são estes, os espíritos bem fazejos como Emmanuel, Joana D’ Angelis, André Luiz e a plêiade do Espírito Verdade, que vêm e vieram ao longo dos Milênios se comunicar com nós outros. Dependendo do tempo histórico e do alcance intelectual da humanidade, deixaram determinadas mensagens. Revestem-se das lições e das culturas ao qual o médium, (Profetas, Pítons, Sibilas, Druidas, “Feiticeiros e Bruxas”) esta inserido, revestem-se desta ou daquela forma fluídica, para que se faça a comunicação.

Pois são estas as informações do mais alto, são estas as informações prometidas pelo Cristo, ao ensinar para seus Apóstolos que rogaria ao Pai o Consolador prometido, para que pudesse revelar coisas que Ele ainda não podia dizer.

José Reis Chaves, em seu livro Presença Espírita na Bíblia, em seu capítulo 27 (vinte e sete) nos trás a seguinte informação:

“... seguinte afirmação do Papa João Paulo II na Basílica de São Pedro, em 1983: O diálogo com os mortos não deve ser interrompido, pois, na realidade, a vida não esta limitada pelos horizontes do Mundo”.

Os Espíritos de luz, que compõem a imensa legião dos trabalhadores do Cristo na Terra, vêm até nós desde os tempos idos do Planeta. A nomenclatura de Anjos, Mensageiros, Mentores Espirituais ou Demônios pouco importa (“... já que a palavra, de acordo com a sua etimologia grega “daimones” significa nos originais bíblicos, espíritos humanos”), (Chaves, p. 125) Cabe a nós entende-los em suas revelações, e buscar a mudança.

Que assim seja.

Jivago Dias Amboni – Integrante do Movimento Espírita Catarinense e do Centro Espírita Circulo da Luz.

21 de abr. de 2012

Natureza das Comunicações Mediúnicas

Analisando um dos roteiros mais seguros  a respeito do assunto mediunidade - O Livro dos Médiuns  – observamos em seu capítulo 10 (dez), os estudos de Allan Kardec com relação à natureza das comunicações mediúnicas, e o cuidado que temos que ter na ocorrência das mesmas.

No capítulo acima citado, Kardec nos mostra que a natureza nas comunicações mediúnicas se dá de quatro formas diferentes. Seus estudos, o levaram a demonstrar que as naturezas destas comunicações estão classificadas em 04 (quatro) ordens diferentes.

Elas podem ser: Grosseiras, Frívolas, Sérias e Instrutivas. Todas estas divisões não são ao acaso, e muito menos criadas por Kardec, são sim, diferenciadas pela ordem intelectual e moral na qual se encontram os espíritos que se comunicam. Esta divisão em classes de espíritos é sempre feita pela ordem de evolução no qual se encontram.

Dependendo deste nível de evolução do espírito, as comunicações são enquadradas em uma ou outra natureza, nos dizendo Kardec, que nas grosseiras e frívolas, encontram-se a categoria de espíritos de terceira ordem, ou aqueles considerados ainda imperfeitos, conforme nos informam os próprios benfeitores espirituais, na questão de número 100 e seguintes de O Livro dos Espíritos.
Este cuidado com as comunicações mediúnicas encontra-se também em várias passagens dos Evangelistas, onde citamos uma:

“Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantam do mundo ”.

Por isso Kardec nos coloca que nas duas primeiras comunicações, temos nas grosseiras aqueles considerados “maus”, e que se preocupam somente em desconstruir a moral cristã, valendo-se de comunicações ignóbeis, insolentes e arrogantes, sem nada construir na evolução das criaturas. São seres que ainda trabalham no erro, alimentando e comprazendo-se com a maldade, totalmente descomprometidos com a vida.

Já nas comunicações frívolas, temos ainda aqueles que não querem ver a luz pelo simples fato de não entenderem, mas já com sentimentos melhorados. São chamados de levianos ou rasteiros, onde contrário aos primeiros, não fazem o mau apenas por fazer, são antes de tudo, ignorantes em sua jornada evolutiva, necessitando de esclarecimentos para a mudança, pois seu coração já esta cansado e aturdido, solicitando no íntimo de sua razão e sentimento, um auxílio .

Estão preocupados com confabulações fúteis, em agradar os encarnados nas suas vaidades, e muito importante salientar, são aqueles que se encarregam de psicografias não sérias, que hoje pululam em meio as obras espíritas.

Passado isto, entramos nas duas últimas comunicações, feitas por espíritos de luz, que por entendimento e livre-arbítrio, conseguiram em sua jornada alcançar as legiões do Cristo, trabalhando na Terra em benefício das criaturas.

Mesmo nestas duas naturezas de comunicação, as sérias e as instrutivas, encontramos classes diferenciadas de espíritos, pois a Doutrina Espírita, bem como o Cristo, ensina-nos que a evolução espiritual é um processo contínuo . 

Neste caso, a diferença é positiva. Nas comunicações sérias, temos os considerados espíritos bons, cuja evolução intelectual e moral já teve seu início, mesmo na Terra, sendo almas boas e pacíficas. Porém, são entidades que ainda possuem certa ligação com a psicosfera do Orbe, não compreendendo todas as Leis Divinas. Trazem consigo um certo grau de sentimentos materialistas e humanos, embora não se encontrem mais nesta situação.

Por fim, falamos do ideal. As comunicações instrutivas, onde somente aqueles que já trilham pela verdadeira moral cristã, conhecendo mais profundamente os planos do Universo, apresentam-se, trazendo as lições do mais alto, enriquecendo nossas fileiras de almas, e colocando um grandioso conteúdo intelectual e moral em suas lições, alertando a visão dos homens, e os fazendo buscar sua reforma íntima.

São entidades como as que inspiraram os Evangelistas, que auxiliaram por inspiração (mediunidade) Paulo de Tarso, que caminharam pelos tempos medievais como Francisco de Assis, que deixaram sua mensagem no Oriente como Buda, Lao Tsé, que se comunicaram com Chico Xavier, que auxiliaram Kardec no Livro dos Espíritos e demais obras básicas do Espiritismo. Enfim, são seres que nos trazem uma objetividade em seus ensinos em virtude de sua envergadura de conteúdo moral, científico e filosófico, buscando fortalecer as 03 (três) revelações .

Seus ensinos são não só profundos, mas trazem uma continuidade que não se perde nos Séculos. Revestidos de uma linguagem erudita e amorosa, visam unicamente instruir, e nunca mistificar ou criar polêmicas outras.

E esta última, a comunicação primada pela Doutrina Espírita, que busca no estudo continuado dos seus integrantes, o alcance para que estas comunicações possam ser feitas. Agradecemos a todos estes benfeitores, por trazerem tão nobre conhecimento.

Cabe a nós, o estudos destas comunicações, cabe a nós a continuidade da pureza doutrinária, que se faz somente com conhecimento que consequentemente nos leva ao burilamento dos sentimentos.
Ensina-nos um dos espíritos que se comunica pela natureza instrutiva.

“ Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura... ”.

Esta é a natureza ideal.

Jivago Dias Amboni – Integrante do Movimento Espírita Sul Catarinense.

3 de mar. de 2012

Revelação.

A interpretação teológica, sempre colocou as revelações como algo místico, sobrenatural e fora do conhecimento científico e filosófico. Esta postura de interpretação, fez com que os homens da era da razão a repugnassem completamente, por achá-las frutos de uma imaginação infantil e fértil.

A Doutrina Espírita, cuja chave é a de dar continuidade às revelações espirituais, vem, por meio de sua fé raciocinada, mostrar ao homem moderno o real conceito do que vem a ser este processo, esclarecendo por sua vez o seu funcionamento.

Em sua revista de Estudos Psicológicos , Kardec redige artigo na temática, ora analisada, e nos faz o seguinte esclarecimento.

No sentido litúrgico, a revelação implica uma idéia de misticismo e de maravilhoso. O materialismo a repele naturalmente, porque ela supõe a intervenção de poderes e de inteligências extra-humanas .

Sentido lógico, tendo em vista os conceitos tradicionais impostos pelas Igrejas em seus processos humanos. Mas a chave do Espiritismo nos mostra que revelar é algo transcendental, sim, mas que tudo é explicado, pois tudo esta na natureza. E continua o codificador.

Revelar é tornar conhecida uma coisa que não o é; é ensinar a alguém aquilo que não sabe. Deste ponto de vista, há para nós uma revelação por assim dizer incessante ...

Neste ínterim, temos que todos os “gênios”, homens sábios que apareceram na Terra, em um determinado ponto do Globo, em separados períodos históricos, foram colocados pelo planejamento reencarnatório naquele momento para deixar uma mensagem, foram ao seu tempo, e nas condições de entendimento do povo de seu tempo, os mensageiros, encaminhados pelo próprio Cristo Planetário para revelar algumas verdades dos planos superiores.

... Tal o papel dos gênios. Que vêm eles fazer, senão ensinar aos homens verdades que estes ignoram e ainda ignorariam durante largos períodos, a fim de lhes dar um ponto de apoio mediante o qual possam elevar-se mais rapidamente? Esses gênios que aparecem através dos séculos como estrelas brilhantes, deixando longo traço luminoso sobre a Humanidade, são missionários ou, se quiserem, messias...

Revelações que em suma são o resultado de processos mediúnicos, planejado e programado pelo Cosmos para se fazer presente na Terra.

Programação que passou por mensageiros como Zoroastro, Buda, Os Sastras , Confúcio, os Profetas Hebreus e tantos outros, vindo preparar o terreno até a chegada das três revelações, estando tudo na ordem de Deus, que por sua vez, trabalha por meio de espíritos Crísticos como Jesus, e por uma legião de entidades benfeitoras.

A revelação espírita é isto. Resultado deste longo processo que se estabeleceu desde o momento em que o plano terreno foi construído para abrigar espíritos errantes, em suas novas caminhadas de reajuste.
Esta Doutrina faz parte do aperfeiçoamento deste longo processo, que se iniciou com os primeiros homens, passou por Moisés, esclareceu-se com Jesus, e deu continuidade aos ensinos deste último, conforme sua própria afirmação .

As revelações são os dizeres do Cristo, contemplando o intelecto do homem contemporâneo, fazendo-o entender aquilo que até o momento fora confirmado pelas revoluções científicas, sendo contemplado, e ao mesmo tempo complementando por estas verdadeiras ebulições do saber.

Esse é o espiritismo, o início de uma série de conhecimentos que colocam o homem dentro de seu verdadeiro eu, o real conhecimento, sua espiritualização.

O próprio Emmanuel, afirma que muito ainda será revelado, pois “... somos obrigados a reconhecer que os homens receberão sempre as revelações divinas... ”.

Jivago Dias Amboni
Integrante do Movimento Espírita Catarinense.
Revelado não por um homem, mas por uma plêiade de espíritos ao redor do Mundo , a Doutrina Espírita ou Espiritismo, segue o trajeto dos planos espirituais, de sempre revelar aos homens os conteúdos necessários para o seu desenvolvimento, seguindo-se sempre o merecimento da própria humanidade, em sua evolução intelectual e moral.

Evoluído intelectualmente com acontecimentos como a Renascença, o Iluminismo e a Revolução Industrial , estava o homo sapiens  pronto para receber as mais puras revelações dos planos superiores. Encaminhados a Terra pelo Cristo Jesus para prepara o terreno, filósofos e cientistas vieram trabalhar o intelecto humano, iniciando a construção para que os entendimentos do mais alto pudessem ser estabelecidos.

Com isso e por isso, o Espiritismo jamais deverá ser analisado sem o seu tríplice aspecto. Seu estudo, obrigatoriamente deve passar pela filosofia, por sua ciência e por sua religiosidade.

Quando Kardec nos ensina em Obras Póstumas que:

O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote

E no Evangelho Espírita:

O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo .
Podemos concluir que a proposta da espiritualidade ao revelar o espiritismo para a humanidade foi o de quebrar alguns paradigmas existentes até então, demonstrando que as revelações nos campos científicos e filosóficos deveriam e iriam integrar-se perfeitamente com os ensinamentos do próprio Cristo , que veio até nós por si só, mas também pelos benfeitores encaminhados por Ele  para preparar o terreno de suas reais mensagens.

Enquanto filosofia, o espiritismo vem trazer a fé raciocinada, sua base esta na fundamentação do bom senso, demonstrando que nada é sobrenatural, e que tudo esta na natureza, nos dizer não aos mistérios, mas sim ao entendimento dos fenômenos, pois hoje, tudo pode ser explicado e exemplificado com o crescimento intelectual das criaturas .

Em sua parte científica, a Doutrina dos Espíritos coloca-nos frente a frente com as manifestações espirituais, demonstrando por meio de comprovações  seus princípios. É uma doutrina de observação, que por sua vez vem ao longo dos tempos, mostrando na prática que os princípios espíritas estão de acordo com os fatos ocorridos .

Já a religiosidade encontra-se em seus efeitos diários. Diz-nos Kardec que “O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos”, pois trabalha, aceita e reafirma a existência de Deus, da imortalidade da alma, e trás de volta, em sua forma mais pura (sem as distorções históricas ), os ensinos do Cristo Jesus, pois é o espiritismo ele próprio, a revelação da plêiade do Espírito Verdade, prometido pelo Messias quando encarnado no Mundo escola. É a Boa Nova rediviva! Longe dos interesses políticos e econômicos.

 A Doutrina Espírita veio nos mostrar não mais o sectarismo entre ciência e religiosidade, trata-se de uma revelação que veio nos ensinar que a verdadeira palavra de religião esta na aplicabilidade das mudanças morais, e não em templos ou dogmas pré-estabelecidos.

Postou frente aos homens um tríplice aspecto, que coloca as criaturas como centro de suas decisões, resultado daquilo que construíram dentro de seu livre-arbítrio em suas vidas passadas, demonstrando com isso, que esta mesma criatura é senhor de suas próximas existências, sem bengalas, ou qualquer outro tipo de construções positivas sem mérito.

Porém, para que possamos entender este processo, é necessário o estudo sério e aprofundado, sem nunca esquecer o tripé espírita na ordem revelada por um grupo conhecido como espírito Verdade, ou seja, filosofia, ciência e religiosidade.

Este é o estudo! Ambos têm que ser feitos de forma integrada, sem priorização de um ou outro, pois esta priorização demonstra única e exclusivamente a falta de preparo dos espíritas que ainda não aprenderam a ler Kardec.

Conclamamos nestas páginas todos os espíritas e espiritualistas, para a reflexão deste tema, extremamente importante por tratar dos alicerces doutrinários, são princípios, que jamais devem ser alterados ou modificados por nossa ignorância. A nós não cabe criar seitas ou linhas diferentes dentro do Espiritismo, esta filosofia, de tão séria, não aceita este tipo de divergência, pois as divergências, em especial neste tema, são frutos de nossos achismos , misticismos e infantilidade, ao vastíssimo campo filosófico e científico que se abre diante de nossos olhos com esta revelação.

Deixemos nossos conceitos teológicos construídos ao longo de séculos de existência  de lado. É hora da pureza doutrinária. A revelação espírita clama por isto, é hora dos reencarnes de luz, da mudança vibracional da Terra. Ai reside à importância de respeitarmos o tríplice aspecto! Pureza na Doutrina. E nós? Que formamos o grupo dos que fizeram e fazem a frente para que a doutrina floreça de forma correta na Terra. Será que estamos preparando o solo de forma fértil para estas estrelas que começam a cair do céu ? Será?

Que assim seja.

Jivago Dias Amboni
Integrante do Movimento Espírita Catarinense.
 

7 de jan. de 2012

O Momento do Desenlace:


O Desenlace dos corpos físicos, muito incompreendido no Ocidente em virtude das construções ideológicas e teológicas construídas ao longo dos processos históricos, trata-se em suma de um processo natural, que vai colocar o Espírito em situações construídas por ele próprio em sua última encarnação.

Ao deixar o vaso somático, o espírito leva consigo o corpo perispiritual, vaso menos denso que o corpo físico, e responsável por manter a individualidade do Ser até aquele momento, guardando todos os registros das trajetórias múltiplas. 

Para uns a chamada morte pode ser envolta de transtornos de consciência, ocasionados por ações mal construídas no livre arbítrio, ou ao contrário, algo positivo, sem muitas aflições. Ensina-nos a Doutrina Espírita. 

“O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo[1].” 

O resultado esta justamente na diferença de estarmos mais harmonizados ou não no momento do desencarne. Quanto mais desprendidos das paixões do plano Terra, mais fácil compreenderemos nosso processo, e em caso de necessidade de reencarne, voltaremos mais evoluídos intelecto e moralmente.

Resta-nos saber se estamos aproveitando este momento para a reflexão,  a harmonização, e o desprendimento. Uma pensar sobre isto, bem como uma mudança de postura frente ao Mundo se faz necessário.

A citação acima será uma realidade ou não, dependendo daquilo que fazemos do tempo.

Jivago Dias Amboni


[1] O Céu e o Inferno. Obra do Pentateuco Kardequiano - 2ª parte - Capítulo 1. Item 13.