29 de ago. de 2012

Gêneros e Intertextualidade: A Bíblia como Obra Literária. (primeira parte)

A partir deste título, estaremos colocando (em partes) um artigo escrito pelo nosso confrade de Doutrina Jorgemar Teixeira. Trata-se de um artigo que serviu na conclusão de seu Curso Superior em Letras. A professora Orientadora foi a Sra. Cláudia Franscisco.

Segue a primeira parte:

RESUMO

Este artigo propõe uma discussão sobre a leitura e interpretação bíblica não para os exegetas, mas para pessoas comuns que tem neste apanhado de livros um consolo, um refúgio, um alento para o seu cotidiano. Para esse estudo teremos por embasamento teórico a linguística textual.

PALAVRAS-CHAVE:Gêneros textuais. Intertextualidade. Contexto.Evangelho.Antigo Testamento.


Genres and Intertextuality: The Bible as a Literary Work

Abstract

This article proposes a discussion about reading and interpreting biblicalnot to exegetes, but for ordinary people who have in this bunchedof books a comfort, a refuge, an encouragement to your daily life. For this study we have for the theoretical basis the linguistic textual.
   
Keywords:Text genres. Intertextuality.Context.Gospel. OldTestament.


1.    Introdução

Muitos cristãos leem a Bíblia como um livro sagrado,que foi escrito por santos, por pessoas que não erravam ou pelo próprio Deus. Nossa proposta não é destruir essa imagem edificada ao longo dos anos na cultura judaico-cristã, e sim ampliá-la. Haroldo DutraDias em seu livro Parábolas de Jesus Texto e Contexto(2011, p. 50-51) diz:

Acreditamos que o estudo da linguagem, através das contribuições oferecidas pela ciência denominada linguística, e o conhecimento das questões relativas à crítica literária, seriam de grande valia para a superação desse entrave.

    Ou no artigo de João CesárioEstudos Literários Aplicados à Bíblia: dificuldades e contribuições para a construção de uma relação(2006, p. 2):

A dificuldade vivenciada por aqueles que abordam a Bíblia apenas como texto sagrado reside em um equívoco de base. Falta uma compreensão adequada do que é um “texto”, bíblico ou não, e de suas funções. Central para isso é o reconhecimento da literatura como mimesis, ou seja, imitação e representação da realidade, e como poiesis, isto é, como criação e transformação da realidade. Nenhum texto “é” o fato que narraou a situação da qual é testemunha. Ele é uma “representação” do evento através de um meio de comunicação que possui leis próprias.

Nossa compreensão sobre texto aumenta quando lemos o que Mário Eduardo Martelotta (2011, p. 194) diz em seu livro Manual de Linguística:
Assim, podemos dizer que o texto é a unidade comunicativa básica, aquilo que as pessoas têm a declarar umas às outras. Essa declaração pode ser um pedido, um relato, uma opinião, uma prece, enfim, as mais diversas formas de comunicação.

Sabemos, agora, que o texto é uma representação da realidade e que atua como transformador e criador dessa mesma realidade. Também entendemos que um texto, não necessariamente, tem que estar escrito. Ele pode ser escrito, falado, sinalizado, etc.

O texto da Bíblia influencia a sociedade na qual está inserida desde quando a Torah (o Velho Testamento ou a Bíblia hebraica) era veiculada de geração em geração de forma oral. Queiramos ou não, somos conduzidos pela cultura judaico-cristã há alguns séculos, conforme a citação abaixo:

No ocidente, os temas cristãos perpassam toda a cultura, o direito, a filosofia, apolítica, os costumes, as artes de modo geral. Mesmo para os que não têm fé, éimpossível escapar desse arcabouço sociocultural que molda há 2 mil anos associedades ocidentais. Ideias e práticas cristãs ultrapassam a dimensão religiosae alcançam a vida social, política e intelectual. (Biblioteca EntreLivros SantaFilosofia, 2007, p. 7)


Há alguns que dizem que a bíblia não pode ser considerada literatura porque não se enquadra no que os literatos chamam de clássicos. Vamos ver o que nos diz Ítalo Calvino, um dos maiores escritores italianos do século passado, sobre o que é um clássico em seu livro Por Que Ler Os Clássicos:
•    Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
•    Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
•    Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram.
•    É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.

Calvino cita outros critérios, mas pensamos ser estes suficientes para o nosso estudo.
(continua).
Jorgemar Teixeira - Centro Espírita Circulo da Luz - Criciúma.



26 de ago. de 2012

Mediunato: Um Processo Natural.

O objetivo deste artigo e traçar em linhas históricas a natureza dos processos mediúnicos, demonstrando que estes processos são em suma um fenômeno natural, e sempre existente dentre os homens.

O processo mediúnico, amplamente estudado e divulgado pelo Espiritismo não é algo confirmado unicamente por esta Ciência, seu papel na esteira das revelações Divinas esta em desmistificar este fenômeno, colocando-o na esfera da razão, e explicando aos homens sua necessidade e natureza Divina.

Ao analisarmos as primeiras formações humanas no Planeta, encontramos na literatura não só Espírita, a existência da mediunidade em todos os povos.

Nossa jornada tem seu início nos primeiros povos a aprimorar tal conhecimento, os antigos Indianos e os primeiros Egípcios, com seus Vedas  e Hierofantes. Sacerdotes, que obtinham por meio de estudos secretos os ensinos para entender sua real existência na Terra, bem como a comunicação com os chamados Deuses .

Estas tradições passaram paulatinamente para os Gregos, Romanos, Essênios, Hebreus e demais povos que vieram a compor a chamada Antiguidade .

Dentre os Gregos, os médiuns eram conhecidos como Pitons e Pitonisas. Já na Roma dos Césares, como Sibilas, que ministravam suas consultas nos famosos Oráculos, como o de Delfos e Dondona .


Sobre este fato, registra o filósofo grego Platão:

“As profetisas de Delfos e Dondona, tomadas por um delírio divino, prestaram numerosos serviços à Grécia ”.

Dentre Essênios e Hebreus, aqueles que se comunicavam com os seres espirituais eram conhecidos como Profetas. Porém, na linguagem atual, todos médiuns, pois comunicavam-se com os demais planos espirituais e seus espíritos, independente de qual o nível de evolução destes.

Mas os Séculos na Terra passam como uma átimo no Universo, o tempo chega na fase de maturidade dos Homens. Após os dogmas dos Concílios que levaram a mediunidade ao caos da ignorância na Idade Média, era chegado o fim de turbulências e perseguições. Oitocentos anos de escuridão religiosa , davam espaço para o Renascimento das idéias, e a razão do Iluminismo.

Era chegado o momento da mediunidade aberta a todos, sem preconceitos, sem escolhidos e principalmente sem misticismos. Fazia-se o momento deste verdadeiro sentido  humano ser divulgado dentre todos, não mais para aguçar curiosidades, alcançar poderes seculares ou executar guerras, mas enfim, para que fosse ministrada dentro dos ensinos do Mestre Crístico, voltada para bem, para o auxilio e benevolência com o próximo. Era chegado o momento da mediunidade com os ensinos de Jesus.

O maior de todos os Espíritos a já pisar na Terra, tinha deixado seu lastro. Em sua transfiguração no Tabor, com sua comunicação mediúnica com os desencarnados de Gerasa, e tantos outros acontecimentos não registrados na Bíblia, com sua aparição a Maria Madalena, e após seu desencarne com o dia de Pentecostes, deixando sua mensagem aos apóstolos.

No primeiro momento da história cristã, iniciou-se a abertura da mediunidade com três apóstolos (no Tabor), depois abre para todo o colegiado (em Pentecostes), dizendo aos homens que seu amadurecimento já comportava tais comunicações, ao contrário dos tempos de Moises, quando a proibição se fez em virtude da mediunidade desvairada que atingia ao povo Hebreu em virtude, justamente desta falta de amadurecimento.

Nos diz Emmanuel ao falar sobre a proibição no Deuternômio:

“Antes de tudo, faz-se preciso considerar que a afirmativa tem sido objeto injusto de largas discussões por parte dos adversários da nova revelação que o Espiritismo trouxe aos homens, na sua feição de Consolador. As expressões sectárias, todavia, devem considerar que a época de Moisés não comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior ”. (grifo nosso).

Não mais a proibição! Agora a aceitação, com todas as responsabilidades ensinadas pelo Cristo.

“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu espírito derramarei sobre toda a carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vosso mancebos terão visões e os vosso velhos sonharão sonhos ” (Atos, 2:17).

Além destes fatos narrados no Cristianismo Primitivo, temos também o próprio Apostolo dos Gentios, quando em Corinto, ouve (mediunicamente) uma voz e imagem no qual acreditou ser Jesus, dizendo-lhe: “usa os poderes do Espírito”, lição que esclarece-nos Emmanuel na obra Paulo e Estevão, nos dizendo que o Cristo quis dizer a Paulo de Tarso para que Ele escrevesse em seu nome as lições ditadas por Estevão em Espírito. Em suma, cartas mediúnicas.

Após todas estas autorizações do próprio Jesus, tanto encarnado, quando desencarnado, confirma a necessidade dos tempos de esclarecimentos mediunicos. Neste ponto, aparece o Espiritismo como a continuidade destas revelações. A lição do Cristo ressurge em sua pureza doutrinária, juntamente com os esclarecimentos científicos necessários aos homens modernos.

A mediunidade sem mística se faz realidade na Terra. Não mais o sobrenatural, agora o natural, não mais o preconceito, mas um processo Divino, necessário ao aperfeiçoamento das criaturas.

Perguntado a Emmanuel sobre o mediunato, ele responde:

“ A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda a carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra... Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo .” (grifo nosso).

Esta é a lição que fica com a nova revelação. A terceira, que vem complementar a primeira e segunda, de acordo com os merecimentos da humanidade. Mediunidade com Jesus, esta a solução mais segura para as criaturas.

Jivago Dias Amboni – trabalhador do Centro Espírita Circulo da Luz e integrante da 9 URE.

13 de ago. de 2012

A Importância de Evangelizar/Espiritizar

Todos sabemos que uma das colunas que sustenta o Espiritismo é a sua religiosidade, (por entender que Jesus é o governador do Orbe Planetário, e que a própria Doutrina Espírita faz parte das revelações Divinas), tanto que em suas Obras Básicas, tem o Espiritismo o Evangelho Espírita .

Neste documento, são resgatados as máximas do Cristo, que por sua vez, integram-se perfeitamente aos Evangelhos dos Evangelistas, presentes na Segunda Revelação.

Além disso, com a Doutrina Espírita conseguimos extrair também das grandes lições de Emmanuel  com seus cruzamentos necessários e edificantes, que são feitos entre Segunda e Terceira Revelação, mostrando-se a lógica na ligação de todas elas.

Tal conteúdo é defendido pela Doutrina no repasse destes jovens em virtude da necessidade que temos atualmente de moralizar os mesmos, ao informá-los sua real situação na Terra, enquanto Espíritos imortais e viajores de uma longa jornada.

A carência de tais conceitos na atualidade se faz em virtude de a Terra estar atingindo sua fase inicial de Transição, onde deixará de ser Mundo Escola. Em virtude de tal situação, Espíritos cada vez mais necessitados de informações espirituais vêm ao Orbe, no intuito de se auto-reformarem, ato que ocorre quando do conhecimento de sua real situação na presente encarnação.

Manoel Philomento de Miranda  nos informa em uma de suas obras, que tanto Espíritos evoluídos, quanto necessitados, já estão encarnando na Terra nestes tempos de Transição, os primeiros virão para auxiliar, já os segundos para se esclarecerem.

Daí a importância das Casas Espíritas, bem como a de seus trabalhadores, em estarem preparados em conteúdo moral e intelectual, pois estaremos recebendo em nossas Casas Espíritos com várias experiências e muito inteligentes, mas que por sua vêz, necessitados de mais conhecimentos morais, pois estes nunca cessam para o Espírito.

É com estas ferramentas, ou seja, as oferecidas pelo Espiritismo, que poderemos estar auxiliando nossos jovens e crianças, para que junto com o conhecimento intelectual cresçam também no moral, tornando-se homens de bem, e aproveitando sua reencarnação nos valores do Espírito.

Com isto, estaremos sim, ajudando jovens e crianças a evoluir, auxiliando eles a tornarem-se seres com valores outros, que não os da matéria.


Jivago Dias Amboni – Integrante da 9 URE e do Centro Espírita Circulo da Luz.